Os Olhos
Quis um dia mergulhar nos olhos teus;
Nadar e nadar até a porta do fundo.
Abrir e descobrir em teu mundo
O encontro dos olhos meus
Quis o desencanto de um moribundo;
A clamar em tristes breus.
Gritando a um possível deus,
Que o lago dos olhos teus
É um poço mais que profundo.
Quis desta água uma corredeira
Arrebatando este peito a lavar
O medo e minha’lma inteira
Quis apenas erguer os braços e boiar
Quis pouco – de qualquer maneira
Pois hoje o que quero é em teus braços findar.
Cada vez que recruto minhas loucuras, viagens e anseios com a experiência de qualquer coisa que não tenho, extraio disso uma destilação surreal. Escrevendo, sublimo essa coisa pelo ralo. A vagar por bueiros, ela encontra todo tipo de destilados da cidade, dos santos aos psicopatas. A amálgama humana se mistura, formando o mais intenso e real do pensamento e vai à superfície buscar as narinas dos transeuntes, mas são retidas pelas tampas dos bueiros que friamente censuram o regresso das idéias.
Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..
22 de maio de 2007
Soneto - Os olhos
Postado por
Vitor Machado
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Um comentário:
Conheço a inspiração destes versos..
Ainda vou comentar o blog todo!!
Beijos
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