Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

23 de junho de 2010

Há razão arrasando



Se me perguntarem o que é a vontade
Direi não sei! Que destrate!
Jamais alguém conseguirá dizer...seria falso.
Se mesmo assim você ouvir isso por aí, desconfie.
A vontade é como o amor, a arte....lençol amassado
panfleto branco, almanaque invisível.
A vontade é fumaça de pedra, cd de geléia, klakson......
neologismo nada palpável

Para mim pensar nisso é não pensar.

Um dia ouvi na TV um moço que dizia:
“devemos abraçar o Cosmo”
mas qual Cosmo? Meu avô ou o zelador do meu prédio?
E que tal “devemos buscar o amor” ou “entender a arte”?
Durante muito tempo quis entender a arte e
busquei também o amor nos corpos úmidos de mulheres....
bobagem...besteira

Que vontade eu tenho de escrever 1/3 das poesias que meus olhos vêem sempre que se abrem
rs... e veja que aquilo que escrevo
não é
nem poesia, muito menos arte, quiçá...vontade

E por falar em vontade,
Confesso. Ando cheio de furores libidinosos.
Vontade de comer minha razão.

Ela anda me perseguindo com causas e efeitos
anda me criando muitas culpas.
Olho as manifestações morais do mundo e
minha vontade de comê-la cresce.
Vejo uma mãe dizendo o que é certo à sua filha
e vejo a morte da arte
A razão subjulgando a sensação....sua cria

Estou excitado, quero comê-la.

Depois que eu comer a razão pode me perguntar o que é a vontade
responderei com um sorriso e um olhar.... pura arte
Depois teria que me mudar para outro planeta.
Se não causaria um grande mal às pessoas do “certo e errado”
Os faria sofrer pelos meus atos orgânicos.

Ah, essa culpa...tão bem alimentada.
A farei parar de engordar e beijar a relva...... tocar o chão
Enquanto te culpam, culpa minha....
mostre a eles que ainda somos bichos.
Primatas que elaboram suas prezas e procuram um sentido para a vida
busca vã.
Instinto, vontade, desejo, gozo, prazer....coca-cola

Não tente entender a loucura de alguém que come sua razão.
Será falso.
Como o é tentar entender a arte, o amor....a vontade.
Pense aliás na loucura...será melhor,
mas cuidado.

Depois que eu comer minha razão terei de me mudar.
Para um universo nada sólido, talvez.
Onde não existam palavras.
Onde eu esteja só, talvez
Mas a solidão é um hábito
Há mais alguém aí que queira cremar sua consciência?
Se eu comer minha razão estarei só
Sozinho como a pequenina formiga que invejei hoje de manhã na pia da cozinha
E Há tantas pias pelo mundo
Tanto mundo pelo ralo
Tanto ralo por onde nascem formigas
E aquela formiguinha grandiosa
Ali........ logo na minha pia sem mundo
Por mais que ela tenha vontade
Jamais, jamais chegará sequer à pia do meu vizinho

Ora, se não somos formigas
Formigas sim, cujas pernas são os pensamentos
E nossas curtas pernas não chegam à pia do vizinho
Mas como boas formigas, persistentes e pretensiosas
Achamos que podemos explicar a arte, a vontade e o amor.

Eu Vou para a galáxia fluida e distante do Sentir,
Talvez um outro mundo ou ralo ou pia
Talvez do vizinho ou da vizinha
Talvez do cosmo ou do adalto
Talvez da nívea, alva como a neve

E, estando lá, se um dia alguém me alvejar
tocar meus olhos perguntando

“o que é a vontade?”

me morrerei diluído em lágrimas.
Chorarei a mágua de meu mundo
Descendo pelo ralo da pia
Sem angustiar um só pio
Mesmo sem ralo
Mesmo sem pia
Mesmo sem pio
Mesmo sentindo
Só sentindo
Sozinho
Só.

O lado de dentro...sublime

O lado de dentro...sublime