Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

29 de abril de 2011

A morte de Kelvin Klain

Acasismo literato.

Batizei de Acasismo, mas quem tiver melhor nome avise. A brincadeira é a seguinte: defina um tema de sua preferência. Em um lugar onde passam automóveis, comece a escrever sua história em frases contendo as iniciais dos veículos que passam. A frase tem de ser momentânea. Assim que escrita mire outra placa e continue até achar que está bom. Dê o título, dá uma ajeitada e beleza, temos uma história com propósito e escrita pelo acaso.


A morte de Kelvin Klein


[EKK] – Ei! Kelvin Klain!?!

[DSQ] Desligue seu 4x4.

[CEQ] Corra então Queridão.

[DTJ] Dou todo Juizo.

[CYR] Chame o Yuri e rua!


[DAJ] – Dai-me amor jovem!

[DPF] Deus!!! Por favor

[CAU] Caí na arapuca urbana


[EPJ].... Então......

..............................pau!!!....

..... Jaz.

25 de abril de 2011

Kamî e o acaso para Jack.

Hoje meu amigo Pedro morreu, ou talvez ontem, não sei ao certo. Eu também não sei se estava bem ou mau, não tinha pensado nisso a bem da verdade. Estava indo ao enterro na avenida Dr Arnaldo. Não gosto de velórios, nunca pensei sobre o porquê, mas não gosto. De todo modo, meu amigo morrera e me pareceu correto ir ao velório. O sol estava ardido e me fazia um incômodo na têmpora enquanto subia a Consolação. Como não tinha impeditivo atravessei a rua em diração a uma sombra por volta do cemitério da Consolação. Pensei que seria melhor se o velório fosse naquele cemitério não no da Dr Arnaldo, assim eu não teria de subir a pé até lá. Mas não estava incomodado com a caminhada, sim com o calor. O cheiro de urina no pé do muro me chamou a atenção embora não me incomodasse. Até me sentia mais humano enquanto o exalava. Gostava de lembrar o quanto nossa honrrosa dignidade humana se desvalia na frente de todos. Embora tenha estes pensamentos e goste de ver a humanidade desvalida, não me sinto confortável na presença de um pedinte ou alguém da rua. Não tenho nada contra nem a favor destas pessoas, mas me sinto um pouco torpe quando exalo um cheiro não agradável de mendigo. E foi o que me aconteceu. Resolvi acender um cigarro já que começara a enjoar do cheiro de urina. Não gosto muito de fumar em dias de calor, mas há momentos em que algo lhe sugere acender e não resisto. Antes que eu pudesse fazê-lo, o cheiro de urina foi tomando outra forma, mais encorpada, com ares de fezes e palmilhas de alparcatas. Avistei à calçada um senhor de rua sentado. Me pareceu um senhor simpático apesar do odor. Cabelo grisalho, assim como a barba longa, roupas acinzentadas e de um tom diferente. Vi, ao passar, que o moribundo estava a rir e escrevia um número no chão com um pedaço de gesso. Me pareceu um número de telefone. Creio agora que minha simpatia pelo mendigo talvez tenha se dado ao perceber sua sapiência alfabética, mas nada tinha que me fizesse deixar de ir ao velório, por enquanto.

Uma quadra acima havia mais um número no chão. Andando um pouco mais devagar, sem denotar muita atenção, reparei que talvez se tratasse de um número de telefone mesmo. Pensei ser o mesmo que havia visto o mendigo escrevendo pois, apesar da simpatia, não achei que ele soubesse todos os numeros nem que tivesse contatos suficientes, ou algo a dizer. Me senti um pouco curioso com aquilo. Pensei se tratar de uma brincadeira, mas não achei que o medigo tivesse senso de humor apurado. Resolvi não pensar e tentar decorar algumas plavras caso fosse necessário desejar pesares a alguém pela perda do meu amigo Pedro. Uma quadra além, em frente ao restaurante Sujinho, que, apesar do nome, era um restaurante para pessoas ricas, havia mais um número. Reparei se tratar de um número diferente. Não que eu tivesse decorado o número anterior, mas tive esta sensação. Ao olhar o chão e as pessoas espalhadas à calçada imaginei a ogeriza delas ao compartilhar do odor do mengigo enquanto este escrevia e os outros tentavam degustar sua carne. O mendigo não me pareceu pedinte. Me pareceu querer escrever números na calçada e deve ter incomodado os clientes. Gostei de pensar no enjoo dos ricos frente ao cheiro do mendigo. E como aquela cena me pareceu inusitada e eu não estava com pressa, pedi um papel e uma caneta ao taxista e anotei o número de 8 dígitos. Fui a um telefone público e liguei.

O telefone chamou algumas vezes antes de uma mulher atender. Uma mulher me pareceu, pelo tom adocicado da voz. Eu não tinha preparado nada para dizer, nem sabia o porque de estar ligando, só achei que o numero fosse um telefone e liguei. – Oi. – Eu disse sem muita expectativa. Carlos! Eu esperei tanto que você me ligasse! – Respondeu a mulher com um pouco de emoção. Retirei meu R.G. do bolso para me certificar se meu nome de batismo tinha algo parecido com Carlos. Concluí que não tinha, embora fosse fácil confundir Carlos com Kamî, ou não. Pensei que talvez fosse eu mesmo que aquela mulher querera falar. Decidi dizer - sim. A moça, ou mulher, não se estendeu, disse para nos encontrarmos as 15:00 na estação república do metrô. Na hora não disse nada pois não sabia o que dizer. Desliguei. Eu não estava muito disposto a ir ao velório. Não gosto de velórios. Eram duas da tarde, eu estava a mesma distância da república e do velório, à diferença que para a república eu descia a rua e para o velório eu subia. Decidi ir para a estação do metro república. Acho que foi por que era descida e o sol estava forte para subir ou porque fazia tempo que não fazia sexo e a doçura da voz da mulher me tinha despertado uma libido. Não sei, mas também não queria ir ao velório e não conseguira ensaiar nenhuma palavra de conforto.

Ao descer, reparei que os números deixados pelo mendigo eram diferentes mesmo. O encontrei chorando em frente a uma agência do banco Itaú defronte à ireja da Consolação. Tinha um toco de gesso na mão. Lembrei-me dele mas não me compadeci. Primeiro supus que ele não tinha dinheiro, por isso chorava em frente ao banco. Depois supus que ele tinha algum problema com deus, pois estava olhando para a igreja no outro lado da rua. Mas vendo o toco na mão e o número incompleto no chão, achei mais provável que chorava pelo término do gesso. Continuei andando para o metro. Cheguei próximo das catracas pois me pareceu o lugar mais comum para pessoas se encontrarem. Eu não conhecia a moça do telefone mas se ela me conhecesse de fato viria até mim. E já eram 14:50. Fiquei ali, acendi um cigarro quando meu corpo descansou um pouco. – O metrô informa: é proibido fumar nas dependencias das estações! – Soou a voz no altofalante. Deduzi que era para mim. Como já estava saciado do meu cigarro, o apaguei e guardei de volta no maço para mais tarde. Fiquei pensando na voz que falou da proibição. Parecia com a moça do telefone. Vozes nos aparelhos eletrônicos ficam parecidas.

- Kamî! É você? – Outra voz feminina veio do lado. Era Maria, uma antiga atendente de telemarketing do escritório, que eu desejara a tempos. Ela também, julgo eu. Pensei que poderia ser Maria com quem falei ao telefone, mas ela me chamou de Kamî, não de Carlos, então não podia ser. A menos que estivesse brincando ao telefone. De todo modo Maria estava com um vestido florido, os cabelos presos. Abraceia e falei aquelas coisas prolixas. – Estou indo para casa – disse ela. Perguntei-lhe se queria tomar algo. Ela sorriu. Como de brincadeira, passei a mão em torno de sua cintura. Ela não disse nada, então deixei-me ficar assim, e tive uma ereção.

Fomos à 7 de abril em um bar que um amigo chamado Reinaldo trabalha de chapeiro. Ao chegar lá encontrei Anastácio com uns amigos. Nos chamaram para sentar. Fomos. Estavam comemorando a promoção do Anastácio. Havia uma garrafa de Jack Daniels na mesa. Fiz questão que Maria sentasse ao meu lado para que eu pudesse tentar beijá-la mais tarde. Ela sorriu e agradeceu meu gesto de puxar a cadeira para que se sentasse. Tomamos cerveja. Lembrei que tinha marcado um encontro no metrô, mas meu encontro casual com Maria era muito mais agradável, embora eu não soubesse o que seria o outro. Maria bebeu do Uísque e senti que se ela bebesse mais um pouco teriamos uma noite em minha casa. Ela ria muito. Voltou-se para mim. Tinha os cabelos já soltos, a caírem-lhe para os olhos. Beije-a, mas mal. O bar e a tarde estavam agradáveis. Sem muitos bêbedos incovenientes. Os amigos de Anástácio tinham boas idéias debatiam respeitosamente. Maria se apoiava no meu ombro sorrindo. Meu Jack estava saboroso e com efeito bom. Pensei em chamar Pedro, mas lembrei-me que ele havia morrido.

11 de abril de 2011

E agora Obama? - revista "O que?" abril 2011

Estou meio devagar com o blog, mas estou escrevendo. Abaixo, a publicação da revista o que com dois artigos meus. "E agora Obama" sobre a visita do presidente dos Estados Unidos e seu desespero. E o texto "a máquina" o manifesto já publicado aqui. Vala a pena ler a revista e conferir. Claro opine aqui!!!

O lado de dentro...sublime

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