Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

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15 de julho de 2011

Entre Drogas & Drogados


Amigo que a custo nos lê. Permita-me um devaneio inspirado na póstuma e oportuna aparição do nosso ex presidente da república Fernando Henrique Cardoso para defender a descriminalização das drogas. Oras. Esse humilde escritureiro que vos fala é do tempo em que até que se debatem as coisas mas à moda la carte, meio fantasiando, meio com medo. Vamos como ponta de lança e chute no gol.

Já ouviu falar em Al Capone? Aquele da música do Raul Seixas. O gangster do século traficante de bebidas.... só pôde ficar famoso pela conduta legal dos States que criaram uma lei seca proibindo o consumo e comércio dos etilics, como diria Mussum. Sem mé pra comprar, quem gosta de mé, um jeito dá. Sim, estimados, enquanto aprecia sua cerveja com os amigos, toma aquele porre no carnaval, fica desinibido, entramos para a estatística. O alcool é a droga com maior poder de destruição e a que mais mata no mundo. E sabem qual é a segunda? Remédios....da onde? Da drogaria, é claro. Engraçada, não, duas coisas extremamente legalizadas e descriminalizadas....oras algo de errado acontece.

As indústrias farmacêuticas e de bebidas são umas das mais rentáveis, como a do tabaco. Agora, pergunte-se caro amigo, no conforto de sua leitura: por que tanto discurso contra as drogas? Pergunte se o deputado, deputada que você votou daria seu voto para um projeto nacional que extigua todas as drogas do país. Eles fariam? Você faria? Pergunte-se antes se existirá algum dia em algum país uma lei extirpando todas as drogas da sociedade. Pergunte a um historiador ou antropólogo qual foi a única civilização na história da humanidade que não tinha substâncias ditas drogas em sua cultura. Incas, egípcios, babilônicos, sírios, chineses, mongoleses, esquimós, índios, gregos, maias...todos... Pergunte e receberá uma resposta simples. Nunca ouve algo assim. A questão é o que fazemos com isso?

O Rapper Mano Brown, dos Racionais’Mcs, em uma brilhante entrevista na TV cultura começou dizendo que um traficante nada mais é do que um comerciante. “as pessoas querem, eles vendem” ganham a vida com isso. Enquanto pares de peitos saltitantes e lindas modelos tomam uma cerveja na televisão o mundo acontece.

Lembrando o amigo Fernando Gabeira, paz e amor: O princípio da descriminalização é um princípio filosófico de que as pessoas, como seres cientes têm o direito de fazer o que querem com seus corpos. Estou em pleno acordo com esta afirmação ciente que nossa sociedade não produz seres cientes. Sim, o corpo é seu! Se quiser abortar seu filho o faça, se quiser tomar chá de cogumelo ou vinagre, vá lá; se quiser se unir com homens, mulheres ou os dois, vá em frente; se quiser morrer busque o que quer. Mas antes, eduque-se para saber o que são essas coisas e as faça sabendo.

Este aqui é do tempo em que no nosso país veem o problema das drogas como de segurança pública. Nossos “superintendentes” governantes não entendem que este é um tema da saúde pública. Viciados em maconha, crack, cocaína, extase, álcool, chocolate, internet, videogame, jogos entre tantos outros vícios da vida moderna devem ser assistidos pela saúde pública.

Este humilde jovem é do tempo em que a democracia anda meio desconjuntada. É do tempo em que o executivo quer legislar por decreto, o legislativo quer julgar com CPIs e o judiciário quer executar com decisões. Este que vos fala é do tempo de hoje, julho de 2011, que o estado também perdeu suas pernas e que quer interferir no arbítrio das pessoas, proibindo a mamãe de bater no filhinho sapeca, proibindo o consumo disso e daquilo, probindo você de frequentar tais e tais lugares. Sim, o meu tempo é o seu e estamos aqui.

Assim como com nosso amigo al capone. Uma lei que legalizou a bebida nos EUA acabou com o pobre gangster. Quanto não se despende de recursos para combater os milhões de Al Capones do Brasil? Jack Nicholson foi mais do que taxativo quando disse que todas as drogas e substâncias deveriam ser liberadas para que as pessoas fizessem o que bem entendessem.

A pedra no sapato do estranho no ninho, porém, é que não somos uma sociedade moderna e madura. Somos uma massa de tubos digestivos ambulantes que assiste novelas e vão às missas. Uma sociedade moderna cuidaria do maior bem que se pode cuidar para evitar estas discussões: a educação. Uma sociedade moderna municiaria seus cidadãos de sua verdadeira consciência, liberdade e autonomia para fazerem o que bem entenderem com seus corpos entendendo os limites morais, físicos, psicológicos e biológicos das suas ações. Não somos uma sociedade dessas e nem seremos. Vamos criminalizar a novela das oito, as revistas de celebridade, o ben 10, a publicidade, e tantas outras coisas que fazem de nós meros coadjuvantes destas discussões....é a vida. O que você acha?

3 comentários:

Vitor Machado disse...

Esta crônica pretenciosa foi publlicada na revista o que, na coluna "o que você acha?"

* disse...

Buenas, Vitão,

Pretensiosa e instigante, hein!?
Concordo com vc, em gênero numero e grau, meu caro.
Sou a favor da descriminalização, mas que ela seja feita com as ressalvas de que vc falou: quer se drogar, faça, mas saiba as consequências.
Não querendo abusar da sua paciência (sei da sua aversão aos advogados rs) mas tem um brocardo jurídico que cabe para a ocasião: " Quando o direito ignora a realidade a realidade se vinga ignorando o direito"
Estamos pagando o preço, né!?

Beijokas,

Joycinha

Ruth Carvalho disse...

tenho certeza que a passeata da descriminalização da novela não vai caber na paulista...

O lado de dentro...sublime

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