Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

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4 de outubro de 2010

Recém chegados


Eles eram recém chegados.

Não aqueles recém chegados de viagem,

embora ambos tivessem

muitas viagens e muitas chegadas.

Aliás, estavam presos pra falar a verdade.

Presos por sonhos resignados

Que nem sabiam ao certo quais

Mas eram presos e recém chegados.


Nada os impedia de nada a bem da verdade,

embora nada também os impedisse de Tudo.

Aliás, tinham expectativas

De sonhos e de tudo mais.

Há quem diga ser um mal

Essa tal de expectativa.

Mas a tinham.


O que havia entre os dois

Não era bem uma Verdade.

Embora fosse verdade haver algo entre os dois

Um olhar lustroso, singelo... lacônico.

Aliás, um brilho gostoso de se ver,

mas que só viam poucos

no caso...eles...um ao outro

Presos e recém chegados.


As poucas palavras trocadas entre os dois

Eram palavras como outras quaisquer,

Embora fossem só deles, cheias de expectativas

Um certo desprendimento é verdade.

Escapulido em cada sorriso.

Aliás, o sorriso os prendia um ao outro.

O sorriso dos recém chegados.


- Chega aí companheira!

- Ooooo meu chegado!

Não, não eram esse tipo de recém chegados

Embora se fossem, seria mais fácil de se achegarem.

Eram recém chegados

de um outro lugar de dentro deles.

Onde estavam presos.


A expectativa dos dois recém chagados

Era a mesma, talvez

Mas a temiam acima de tudo

Embora tudo que estivessem acima deles

Não temessem.


Acho que eles se desejavam ou se desejam.


Os dois eram recém chegados de outras histórias

Cheias de expectativas, prisões e verdades.

E, embora ainda mantivessem as três coisas dentro deles

Não mantinham mais a Outra história.

Então nada os impedia

De chegar mais perto um do outro.

Mas estavam pertos, é verdade


Olhos pertos

Palavras apertas

Sorrisos espertos


Se houvesse problemas

que os impedisse de chegar perto um do outro

Seria por serem recém chegados

Ou esse monte de palavras repetidas

Expectativa, verdade, um, outro

Tudo, nada, chegados ....recém

Presos.


Pra falar a verdade não há problemas

Embora as expectativas

Os fizessem sorrir e olhar um ao outro

languidamente....

Os recém chegados precisavam chegar


Chega! os dois!

É tudo ou nada agora!

Prendam-se de vez!

Há um novo Recém lá fora

Sem ressentimentos.

Sem emboras

Sem ir embora

Que tal?

Simbora?



8 comentários:

Vitor Machado disse...

afinal...quem não é recém chegado?

Munich disse...

Apesar de parecer comum, não há muitos recém chegados por aí..

Eles apenas existem dentro de nós. Do que sentimos.. Daquilo que gostaríamos.. De ter essa chegada..

"Simbora?" rs..

Adorei o texto! Brilhante e supreendente como sempre!

Parabéns!

Grande beijo!

Anônimo disse...

Maais uma incrivel obra sua, adoreei o texto. Gosto da forma como voce brinca com as palavras, sempre parece haver muita sinceridade e sentimento em tudo qe escreve. Ameei

Vitor Machado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

(...) As poucas palavras trocadas entre os dois

Eram palavras como outras quaisquer,

Embora fossem só deles, cheias de expectativas

Um certo desprendimento é verdade.

Escapulido em cada sorriso.

Aliás, o sorriso os prendia um ao outro.

O sorriso dos recém chegados.

(...) Vitor Machado

* disse...

Adorei esse poema, Vitão!!

Difícil comentá-lo, porque ele por si, se explica, é daquelas coisas raras e boas que não precisam de explicação, a gente lê e é tocado, sente...
Lendo o poema me veio uma música, que eu acho cabe para o momento:
" não se afobe não que nada é pra já, amores serão sempre amaveis, Futuros amantes, quiça se amarão sem saber o amor que eu um dia guardei pra você..."
É, de fato acho que somos todos recém chegados!

Beijokas

Anônimo disse...

que legal a possibilidade de me buscar em cada verso... mesmo em um desvaneio de expectativas... Sem ir embora!!!

espero que os recém chegados se se acheguem.... sem medo... sem expectativas.... sem passado... sem futuro.

Epicarmo Papoula disse...

Aqui eu vejo uma boa canção e só.Merece boa melodia, se for tranformar em música, e merece, vê se não estraga tentando fazer você mesmo.Pôe na roda.

O lado de dentro...sublime

O lado de dentro...sublime