Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

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8 de junho de 2007

O caso e o descaso de Giba.

Este texto foi escrito para o concurso literário da Revista Piauí. Ele tinha que ter 3 mil caracteres (com espaços) e ser desenvolvido a partir da frase "Ele implicava com os leiloeiros, apreciava mais os falsários". Conta, em 2999 caracteres o caso do detetive Giba. Acompanhem também o texto "arte e a preço" escrito pelo Caçula a partir da mesma frase. Blog do caçula aí no link ao lado. Boa leitura.
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O caso e o descaso de Giba

Giba estava no seu bar oficial à paisana quando o segurança de um fazendeiro poderoso da cidade o abordou. O caso era descobrir se dois dos homens de confiança da fazenda estavam falsificando documentos antigos para vender a colecionadores. “Tá aí um bom caso” pensou o boêmio detetive. Aceitou. Não parecia muito difícil, afinal o método utilizado por Giba era bem simples: mapeamento de bares – bares – amizades – abordagens – pessoas bêbadas - obtenção de respostas. Ele conhecia todos os botecos e restaurantes da cidade, assim como os chapeiros, cozinheiros, metres, garçons, gerentes, donos e afins. Acertou os custos e iniciou o procedimento. Nome dos suspeitos: Zé e Carlos; nome do bar: Os Leiloeiros; freqüentador: Zé; Rotina: quintas feiras; hora: oito. Com as informações obtidas Giba partiu para a ação.
- Fala Pelé! Cumprimentou o barman – Vê uma gelada pra mim.
Sentou no balcão, do lado da mesa na qual Zé e o capataz da fazenda conversavam. Deu um trago, virou e ouviu:
- O Carlos!! Puff, você não sabe o que ele me contou! – disse Zé inclinando o corpo para frente.
- O que? - O capataz inclinou o corpo também. Quase que Giba faz o mesmo.
- Que na verdade, ele implicava com os leiloeiros, apreciava mais os falsários.
O capataz passou a mão na cabeça, curvou a sobrancelha e nada disse. Giba ficou confuso, aquilo não fazia o menor sentido para ele. Implicava com o leiloeiros? Mas porque ele implicaria com o bar? Será que eram leiloeiros que compravam os documentos antigos? Eles eram os possíveis falsários, como se apreciavam? Existiam mais? Apreciar era um código? As dúvidas deixaram Giba, inquieto, não conseguia ligar os fatos. Parou, virou, decidiu partir para a o plano B, seguir. Pediu mais uma cerveja e esperou que fossem embora. Quando os homens saíram Giba viu que os eles olharam para os lados antes de entrar no carro. A certa altura do caminho, as ruas estavam vazias e só havia dois carros andando. Giba estava tão alucinado pelas dúvidas que nem percebera o risco de perder a missão. Sorte que os rapazes não o notaram.
No bairro das jardineiras eles pararam. Giba continuou e parou depois da esquina, desceu do carro e encostou num poste. Os homens olhavam desconfiados a toda volta, foram juntos até o porta mala abriram. Zé tirou uma mochila preta de lá, abriu o zíper e sacou uma garrafa. Abriu a tampa, cheirou e deu para o capataz. Giba se aproximou fortuitamente do carro ficando atrás de uma árvore, tenso, o suor lhe descia a costeleta. O capataz segurou a garrafa e deu um gole. Enquanto bebia, Zé gesticulava:
- Que que você acha? Os leiloeiros tem fibra, onde já se viu um licor caribenho, artesanal, raro desse ter fibras. Vê se os falsários tem! É muito melhor, agora você quer cobrar o mesmo preço nos dois! Que é isso!
Giba não quis nem ouvir a resposta, ficou possesso, saiu de trás da árvore praguejando sem se preocupar com os apreciadores de licor, foi direto pro bar oficial e abandonou o caso.


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