Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

16 de setembro de 2010

Soneto da Graça

Passa um, passa dois, três, vários... milhares

Cada par de olhos que por mim passa

Deixa um breu de vida em sua graça

Ou a porta escancarada de seus lares


Mas sinto ainda uma torpe ameaça

E escondo meus medos em vagos olhares

Por trás de copos em balcões de bares

tragando vidas diluídas em cachaça.


Talvez estes olhos não olhem para mim.

Olhem pra dentro do copo em que me vejo

Ou para suja graça das pessoas no botequim.


Pessoas que talvez em meu íntimo desejo

me mostrem que a vida seja simples assim:

Uma dose de olhares num copo de gracejo.



5 comentários:

Vitor Machado disse...

A Graça e o gracejo talvez passassem desapercebidos sem o copo...o medo também...não sei..
O “dilema de Vinicius” o álcool rega e nasce poesia, dor, sofrimento, alegria e amor.

* disse...

"(...) É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar. É sempre bom lembrar, guardar de cor, que o ar sombrio de um rosto vazio, está cheio de dor(...)"
Quantas coisas mais estão ou são e não vemos, né!?
Se o álcool rega, não sei, acho que somos nós mesmos que regamos, diariamente às vezes com sorrisos, às vezes com xingos e gritos. O álcool, de fato é um adubo poderoso, mas que só faz aflorar anda mais oq ue é a essência de cada um...
Vão agora querer culpar a coitada da cachaça, ou melhor da cana rsrs

Beijokas

Sandra disse...

Bom, eu como fiel que sou a um bom trago, me identiquei muito com teu texto... Mas penso que não é isto que mais me chamou a atenção, o alcool em sí. Oque eu realmente gostei foi do "olhar" às coisas que nos rodeiam, são tantas!!! Tantas vidas, tantas experiências, nem se quer imaginamos oque teríamos pra aprender, pessoas das quais também fazemos parte. Tudo está num piscar de olhos... Até que um dia fecharemos nossos olhos e não veremos mais. Por isso Vitor, é que penso sobre a importancia do observar o outro e perceber que nós também estamos no meio de tudo isso...
Gostei muito.
Beijos


Beijos

Aline disse...

A gente gosta de estar no mundo, mas tem medo de adentrá-lo de verdade... Assim, a graça e o gracejo são só passagem.

E, afinal, o que há com essa coisa de estar sozinho no bar, tomando umas, vendo a gente passar e pensando nessas vidas diluídas??? Qual a vantagem de ter consciência da passagem se não a fazemos parar e ficar e nos olhar nos olhos?

Eu me pergunto...


Ps.: escrever sonetos é uma arte! Sempre que tento(ava) escrever algo com rimas fica(va) tão óbvio, parecendo redação de quinta série rs

Epicarmo Papoula disse...

Um saco, poema chato.

O lado de dentro...sublime

O lado de dentro...sublime