Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..

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21 de agosto de 2007

Um chopp, um elástico e uma raiva

Ele sentou no balcão do Pub sozinho, com sua discrição executiva e cansaço nas sobrancelhas, colocou o paletó no colo e abriu um botão da camisa:
- Um chopp claro por favor.
Ela estava do outro lado do balcão. Sorriso tímido, cabelos bem presos, óculos aprumados, de roupas sóbrias, papo descontraído com amiga e aparelhos nos dois jogos de dentes com um elástico prendendo os dois
- Olha só que homem lindo acabou de sentar do outro lado – a amiga logo viu.
- É mesmo, bonito ele. – “nunca que eu consigo sair com um homem deste” pensamento pessimista.
“ainda tenho que pegar esse transito para ir embora” e ele dava goles profundos no chopp. Ficava olhando as pessoas, como elas conversavam, seus trejeitos, seus sorrisos. Aquilo era realmente desestressante. Luzes baixas, madeira, música agradável e mais um chopp.
- Amiga, vou ali e já volto.
Ela ficou sozinha no balcão e, como que por impulso, não parava de olhar para ele, às vezes perdia o pensamento, quase sempre voltava à tona e ficava envergonhada de si mesma. Então um gole no seu copinho de chopp dava uma certa espairecida. Mas aqueles elásticos eram horríveis, mal ela abria a boca, os elásticos puxavam de volta. Para beber o chopp ela levava o copo até a boca, fazia um biquinho de peixe, encostava o copo, uma leve erguida, uma chupadinha e lá vai o chopp mais espumante do que veio. Claro que todo procedimento era devidamente verificado para que as pessoas não percebessem, caso contrário ela ficaria extremamente sem jeito. Naquela altura do campeonato, tomada pelo furor daquele homem lindo e pelos copos que ela havia tomado, se esqueceu do procedimento e bebeu como se sua boca estivesse livre, leve e solta. Até que não foi tão desastroso, ela percebeu que era plenamente possível abandonar toda cerimônia.
“Hmm, ela não percebeu que ficou com bigodão de espuma, será que ninguém vai avisá-la?”. Aquilo realmente o incomodou, os garçons passavam de lá pra cá, os atendentes dentro do balcão também e nada. Ela estava com um sorrisinho e olhava descontraída para os lados, olhadinha rápida para ele e desvio do olhar. Torneira, camiseta do garçom...ele...desvia rapidinho. Quadro na parede, loira passando, ele...desvia rapidinho. TV, copo, gole, mais bigode, ele. “Acho que eu olhei demais pra ela, ela não pára de olhar para mim” e ele não se segurava, olhava o fundo do copo, a bunda da loira, o bigode...desvia rapidinho. Fundo do copo, bunda da loira, bigode...desvia rapidinho. Fundo do copo, a loira foi embora, bigode. “Ih, ele ta olhando pra mim, ai meu deus, postura”. Deu uma erguida no ombro, mais chopp e bigode. Os olhares se encontravam volta e meia e rapidinho desviavam. “Não vai ter jeito, tenho que avisar”. Olhou para ela, ela viu, a mão dele do lado do copo deu uma erguida, acenou. “Ai! Será que é comigo?”. Ela olhou para trás, não havia ninguém, olhou de novo para ele e o viu apontando para a boca dele e dando uma lambida na parte de cima dos lábios. “Ããhh. Não acredito, ele tá dando em cima de mim!! Ai meu deus e agora, isso nunca me aconteceu antes”. Ela ficou rubra, olhou pra baixo, mas sabia que aquela era uma chance única. Endireitou-se na cadeira, soltou o cabelo, deu uma chacoalhada no pescoço, jogou-o para trás, cotovelos na mesma inchando o decote, olhar fixo nele, passou o dedo indicador na borda do copo, deu uma fechadinha de leve nos olhos e o sorriso mais sensual que podia dar. “Puta que o pariu, ela não entendeu, que que eu faço? esquece, não olha, não olha”. Não tinha como, olhou de relance e viu ela com aquele bigode cada vez mais volumoso dar uma piscadela com a cabeça inclinada. Uma gota de suor desceu de sua costeleta, ele ficou vermelho, arregaçou a manga da camisa e fixou-se no copo. “Que merda que eu fui fazer. Não olha mais, pronto”. Virou-se para o outro lado, o garçom passou, ele teve uma idéia. Interceptou-o, pegou um papel, uma caneta, rabiscou algumas palavras, devolveu, disse algumas coisas no ouvido do rapaz. “Ele escreveu um recado para mim, não acredito, ai! O garçom ta vindo pra cá”. Conforme esperado, bilhete entregue, ela abriu avidamente, leu e arregalou os olhos. “Gente!! É pra eu me limpar....como ele sabe disso, nossa, que homem”. Ele continuava de costas para o balcão, aguardou uns minutos, virou-se e a viu debruçada escrevendo algo, mas com um belo bigode. “Tá de brincadeira essa menina. Será que não consegue entender?”. Ele desistiu, pediu a conta e quando esta veio, veio junto um bilhete. Ele abriu, leu. “Ela num entendeu nada, não é possível”. A raiva se apossou do discreto moço, saiu a passos largos em direção ao caixa. Não conseguia ao menos tirar o dinheiro da carteira. Pagou. Estava saindo quando parou e muito sem pensar caminhou firmemente, virou, foi ao lado do balcão, agarrou a moça, deu-lhe um beijo de arrancar o bigode, afastou a cabeça, olhou....ahhhh pronto, não estava mais lá...adeus bigode. Ela, sem nenhuma reação, olhos bem abertos, boca mais ainda, viu ele abrir um grande sorriso, virar-se e ir embora.

4 comentários:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Mto mto mto mtoooo bom!!!!!!!

ADorei Vitorrrrrrr!!!!

Muito sagaz o rapaz... hehehehehe

Anônimo disse...

Muito boa! Adorei a história!!
Continue postando, ok?
Beijiinhos

Anônimo disse...

hahahahahahahah, muito bom!

Um final bom para os dois!

beijos

Cervejaria Kremer disse...

Gostei muito do post! Parabéns!
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O lado de dentro...sublime

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