Chegou em casa, jogou os cobertores no lixo, os lençóis, as fronhas; livrou-se do cheiro acreditando transgredir o esquecimento...revolucionar o espírito. Esqueceu-se, entretanto, que a cama não mudara, tampouco o quarto ou mesmo sua vida. Não havia revolução alguma, não havia esquecimento. A presença ali, o registro estático daquele lugar em suas retinas provocara o oposto de sua intenção, uma dolorosa e perturbadora dor. Havia dor.
Deitou-se. Olhos abertos para o teto, cheiro de amaciante no lençol trocado, pele alva, nua e trêmula sem outro cobertor. A luz difusa de um apartamento do outro lado da rua foi a única a ver as lágrimas correndo naquele rosto imóvel. A cidade transpirava.
Repulsa. O pensamento uno e triste daquela memória:
"Ela nunca mais põe os pés aqui! Não a deixarei entrar de novo em minha vida, muito menos mexer comigo". No poço dos olhos, havia angústia. Encolheu-se... O frio chegava lentamente. O medo, a revolta e a vontade de livrar-se do pântano de pensamentos os traziam mais fortes que as marteladas do frio em cada poro de seu corpo. Tanto tempo, tanta vida, tanta hipocrisia, tanta mentira...os pensamentos doíam, todas as palavras vãs, os olhares enganosos, os sorrisos falsos...tudo aquilo que acreditava ser certo, ser verdade, traduzia somente uma coisa... a angústia.
Fez o que tinha que fazer (alívio!)
Havia muito mais o que fazer (dor)
O que ao certo não se sabe (dúvida)
Ela não entra mais aqui (reação)
Na, não, não (incerteza)
As coisas vão mudar (fé)
Preciso somente esquecê-la (alívio)
Preciso esquecê-la (dor)
As idéias se encontravam dentro da cabeça agitada... impassivas, não se conversavam. O corpo tremia, dessa vez por força dos choques atrás dos olhos. Incômodo...insônia...pôs-se de pé, caminhou morbidamente até a sala. Parou e encarou o espelho, esperando respostas. E as respostas obtidas vieram em choro. Ela tentou se livrar e, entretanto, continuava lá... as mesmas palavras...angústias...olhares...lá estava ela de novo...e o cheiro voltara.
Deitou-se. Olhos abertos para o teto, cheiro de amaciante no lençol trocado, pele alva, nua e trêmula sem outro cobertor. A luz difusa de um apartamento do outro lado da rua foi a única a ver as lágrimas correndo naquele rosto imóvel. A cidade transpirava.
Repulsa. O pensamento uno e triste daquela memória:
"Ela nunca mais põe os pés aqui! Não a deixarei entrar de novo em minha vida, muito menos mexer comigo". No poço dos olhos, havia angústia. Encolheu-se... O frio chegava lentamente. O medo, a revolta e a vontade de livrar-se do pântano de pensamentos os traziam mais fortes que as marteladas do frio em cada poro de seu corpo. Tanto tempo, tanta vida, tanta hipocrisia, tanta mentira...os pensamentos doíam, todas as palavras vãs, os olhares enganosos, os sorrisos falsos...tudo aquilo que acreditava ser certo, ser verdade, traduzia somente uma coisa... a angústia.
Fez o que tinha que fazer (alívio!)
Havia muito mais o que fazer (dor)
O que ao certo não se sabe (dúvida)
Ela não entra mais aqui (reação)
Na, não, não (incerteza)
As coisas vão mudar (fé)
Preciso somente esquecê-la (alívio)
Preciso esquecê-la (dor)
As idéias se encontravam dentro da cabeça agitada... impassivas, não se conversavam. O corpo tremia, dessa vez por força dos choques atrás dos olhos. Incômodo...insônia...pôs-se de pé, caminhou morbidamente até a sala. Parou e encarou o espelho, esperando respostas. E as respostas obtidas vieram em choro. Ela tentou se livrar e, entretanto, continuava lá... as mesmas palavras...angústias...olhares...lá estava ela de novo...e o cheiro voltara.
8 comentários:
Bom! Grande vitinho o texto me remete que por mais que tentemos nos desfazer de algo que nos incomoda não adiantara de nada se não nos livrarmos tb de nossos pensamentos e como no texto ela voltou ao mesmo ponto nada adiantou. Um grande abraço pra vc.
Acho que já disse isso em outro comentário: que gosto quando o texto revela só no fim o sentido exato de suas palavras. Afinal, até as últimas frases, fiquei imaginando uma situação completamente diferente (e clichê...).
E acredito que seja esse "choque" que torne ainda mais vivo o impacto dessa repulsa em quem lê (e se identifica).
Gostei mesmo, psito! Um beijo
E meu caro muito bom esse texto é isso ai msm de nada adiante se livra de bens materiais se os pensamentos ainda existem...
abraçoss
Como diria Fernando Pessoa, na figura de Alberto Caieiro "Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais."
Mas o tempo é sempre o melhor para tudo, inclusive para o que não pode ser simplismente jogado no lixo e tirado da frente.
ótimo texto!
beijos
Camis
muito bom garoto vc vai longe..
parabens...
vc é orgulho de sua maezinha nao esqueça daquela maluca..
bjsssssssss
Doeu em mim...
Muito bom Vitor, MUITO BOM MESMO!
Bjo grande!
Que angústia ler esse texto. Parece que todas as minhas angústias e repulsas vieram a tona. Aquele desespero de querer se livrar de algo que nos incomoda qdo aquele algo na verdade ja faz parte da gente.
É a tradução perfeita da angustia, do misto de sentimentos....
Doca!
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