Cada vez que recruto minhas loucuras, viagens e anseios com a experiência de qualquer coisa que não tenho, extraio disso uma destilação surreal. Escrevendo, sublimo essa coisa pelo ralo. A vagar por bueiros, ela encontra todo tipo de destilados da cidade, dos santos aos psicopatas. A amálgama humana se mistura, formando o mais intenso e real do pensamento e vai à superfície buscar as narinas dos transeuntes, mas são retidas pelas tampas dos bueiros que friamente censuram o regresso das idéias.
Bueiros paulistanos inspiram vozes destiladas..
29 de setembro de 2010
Era Uma vez uma Praça (O que você acha?)
27 de setembro de 2010
As micro-histórias de vó Alva
Vó Alva voltou de viagem
Com vô Alvo.
Nove dias num velório no sul.
Tavam mais vívidos
Vitor foi ver de perto a valize do vô.
- A cartela verde virou azul!!
****
Vó Alva está às voltas com Vitor.
Vitor vomitou Vodca no vaso.
Vó Alva viu....
A avenca não viverá
- AHH vem cá seu vadio!!!
****
Vó Alva alvejou
um vulto vindo devagar
por de trás do lençol
na varanda.
E o véio Alvo veio
- ooooo alvejante negro!!
****
Vô Alvo virava tragos de Vodca
- Alvinha, tem velório mais não?
- Sai daí de trás do lençol seu véio
Vá se lavar!
- Já vô...já vô.
- Vô!!!! Vodca é bão?
- Tó! mas num conta pra vovó.
17 de setembro de 2010
16 de setembro de 2010
Soneto da Graça
Passa um, passa dois, três, vários... milhares
Cada par de olhos que por mim passa
Deixa um breu de vida em sua graça
Ou a porta escancarada de seus lares
Mas sinto ainda uma torpe ameaça
E escondo meus medos em vagos olhares
Por trás de copos em balcões de bares
tragando vidas diluídas em cachaça.
Talvez estes olhos não olhem para mim.
Olhem pra dentro do copo em que me vejo
Ou para suja graça das pessoas no botequim.
Pessoas que talvez em meu íntimo desejo
me mostrem que a vida seja simples assim:
Uma dose de olhares num copo de gracejo.