Ah! Que brisa calma vem soprando
no fúnebre abismo de edifícios;
Poucos a notam, seguem andando;
passo a passo unidos em bando,
conduzem seus corpos aos sacrifícios.
- Vão para onde? Porque correr?
se é escasso o tempo e a morte é certa.
parai então, deixai o vento bater;
jogue vossa consciência para ele varrer.
Notai que a rua é não mais deserta.
A brisa que te sopra o semblante
é a mesma que contorna o mundo;
trás o aroma das vidas adiante,
o vôo do pássaro distante,
E as portas do breu profundo.
Olhai a vastidão da avenida.
Há vida sim no barulho desses passos;
Na conversa alegre e distraída,
No choro da criança nascida,
Nos calorosos e cândidos abraços.
Levantai agora vossos olhos lentamente,
que o tempo é cego enquanto pisa.
Buscai o amor e alegria somente.
E antes que o ar se faça ausente,
Olhai o céu e aproveitai a brisa.
(tirado do baú. )